segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Indústria do Consumo

Lançar um olhar sobre algo dar um sentido subjetivo ao que se está observando. Quando imprimimos uma opinião pessoal a respeito de algo, de acordo com a epistemologia, área de interesse dos filósofos da linguagem, colocamos em jogo o nosso repertório e os nossos interesses. Sim, pois hoje em dia a informação tem vale poder e, de acordo com como manipulamos as informações que serão passadas adiante, podemos ganhar dinheiro, aliados, etc. O problema disso é que nem sempre essa informação é válida, ou porque foi muito manipulada ou porque é irrelevante para o curso das vidas de quem a recebe. Neste último caso, temos a atitude dos receptores de uma determinada mensagem que, apesar de saberem ser irrelevante, buscam-na e tornam-na um fator determinante de um momento em suas vidas.
Esta é uma imagem bastante comum na sociedade de hoje, a sociedade do consumo, que tem necessidades massificadas criadas por ela mesma. Uma dessas necessidades é o consumo de informações sobre celebridades, sobre o que acontecerá na TV. A partir daí, temos dois fenômenos: o primeiro é o do esvaziamento do conteúdo, no qual damos máxima importância a assuntos irrelevantes e o segundo é o fato de tornarmos a mídia algo retroativo: jornais falam sobre TV, a TV fala sobre ela mesma, etc. Segundo o texto “indústria Cultural: Revisando Adorno e Horkheimer”, o que acontece é que não só a cultura vira uma mercadoria, como a sua qualidade decai. Isso acontece pelos seguintes motivos: “aplicação de conhecimentos científicos e tecnológicos às técnicas da produção; grande investimento de capital fixo em instalações e maquinários; produção em série, ou seja, em larga escala.”
Segundo Paulo Serra, temos a seguinte equação: quanto mais informação, menor sua qualidade. No entanto, muitos encontram neste tipo de informação, o lucro. Esta afirmação encontra total apoio na realidade em que vivemos. Presenciamos todos os dias a criação de websites e programas de televisão que fornecem esse tipo de informação. A intenção de criar um jornal ou um programa, seria, inicialmente, de informar ou acrescer cultura. Isso continua, porém, no esquema consumista: coloca-se qualquer assunto de qualquer relevância para que vender publicidade. Ao lado do texto “informativo”, temos a propaganda. É assim que se ganha dinheiro. Temos algo interessante para a população e, ao lado, algo de interesse comercial. O que se faz é atrelar os dois, criando, assim, um produto. Um exemplo seria um site sobre moda e beleza. O site contacta anunciantes em potencial: indústrias de maquiagem e lojas de roupas, que, ao lado dos textos, colocariam suas campanhas na mesma página, pagando um valor x.
Outro caso seria a produção de texto feito pela própria empresa, ou seja, um site institucional que é, em si, uma propaganda maquiada. O texto está informando e vendendo ao mesmo tempo. Exemplificando, temos um produtor de soja. Ele cria um site falando sobre os benefícios do consumo de tal alimento, omitindo o impacto ambiental gerado pelas fazendas de soja ou os possíveis danos a saúde causados pelo consumo do produto. Essa informação é um visão sobre o assunto, uma visão que atende a um interesse em particular.
Temos aí, então, o grande dilema do profissional da informação: entrar no esquema e produzir algo para vender ou buscar um novo caminho, sujeito à pobreza e à retaliações políticas?

Rafaella Castello VB 06004206

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