A consciência nunca se adequara a suas expectativas enquanto ela mesma não sair da posição de espectadora e se colocasse em um exercício de compreensão de si mesma, para saber qual é o verdadeiro caráter de suas interações com os objetos e seu objetivo e papel no mundo. Assim, o eu coloca-se em questionamento relacionando-se com os outros e reconhecendo as diferenças.
Todo sistema tende a permanecer, e para isso ele precisa desenvolver a sua antonomia, que a consciência possui como memória, que não leva a renegar as suas experiências.
A memória funciona como dispositivo de tomada de decisões, funcionam com as falhas passadas como um negativo para um novo empreendimento do sujeito ou a desvios de novos caminhos. No caso do sucesso, a repetição dos atos do sujeito também estão delimitados pela memória do sistema, permitindo a sua autonomia.
Só se admite a própria existência quando a consciência consegue eliminar o unitarismo do Eu. Compreender as diferenças, entendidas como manifestação da singularidade humana, não transforma o ser em um supressor do particular e devoto do absoluto, segundo Hegel, não faz mais sentido compreender as coisas como estáticas e de absoluta verdade.
Nessa parte do texto, Hegel situa que o Eu é sem sentido se não o pensarmos enquanto Nós, e esse nós só tem validade e essência no âmbito social.
Para a permanência do sistema também é preciso considerar as relações que ele pode fazer. Um sistema totalmente heterogêneo, ou seja, que esta em processo de entropia não consegue fazer novas interações e tente a morrer. Essa heterogeneidade é exatamente a falta de particularidades e informações que a consciência venha a ter. Para que haja troca, é preciso reconhecer as diferenças e o reconhecimento de que o universo não é essencialmente o mesmo: ele se transforma, não é único.
A luta por reconhecimento é a transformação da consciência em consciência-de-si, que torna o estabelecimento do Eu no Nós em algo material e palpável, que permite o choque de consciências internamente e leva ao reconhecimento de uma individualidade que tem função no mundo e objetivo concreto e que permite a relação com o diferente e o negativo, garantindo assim a sua permanência como individuo que sobre evolução a partir do reconhecimento e crises, resolvidas a partir da sua autonomia de memória.
Admitir que não somos indivíduos isolados e que estamos inseridos no mundo, é abrir possibilidades para que a combinação de diferenças produza consciências infinitas, que saibam se comunicar e se relacionar.
O processo de conhecimento da consciência-de-si é um ato de sair de si mesmo para colocar-se em posição de mutabilidade, novas experiências de aprendizagem que garanta um retorno de certezas sobre si mesmo e sobre a individualidade do outro.
Esse reconhecimento mútuo é como uma libertação: existe a completude para a realizar a consciência-de-si, que não representa uma dominação imutável, mas sim a autonomia e a valorização da alteração de cada uma de suas qualidade. Para reconhecermos o Nós e o Eu, é preciso se analisar, saber, estudar o comportamento e alteridade de cada um dos seres e condições culturais.
Acompreensão de todos esses aspectos poderia evitar vários tipos de conflitos culturais que existem no mundo, a maioria deles é resolvida simplesmente com uma boa comunicação e o respeito de autonomias. Respeitar a memória de uma pessoa já é a busca pela compreensão, seu passado e seu presente são conseqüências dessa autonomia. E para compreender o mundo, é preciso analisar-se primeiro, compreender a sua própria memória e seu comportamento que foi determinado por todos esses aspectos, mas que não é imutável.
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