Os iluministas crêem que o conhecimento emancipa a pessoa, isso é, uma pessoa bem informada tem um conhecimento abrangente. Postman e Baudrillard, no entanto, são autores que colocam esta afirmação como não sendo a realidade, acreditam que o acréscimo de informação conduz ao decréscimo – Baudrillard diz: "estamos num universo em que existe cada vez mais informação e cada vez menos sentido”, em que "à "inflação da informação"corresponde uma "deflação do sentido". Postman e Baudrillard chegaram a uma mesma conclusão, mas cada um tem a sua maneira de ver este assunto. Postman, acredita que a "deflação do sentido” deve-se,
essencialmente, ao fato de a "explosão da informação " (que, iniciada com a imprensa, atinge o seu auge com o computador), originando um mundo cada vez mais "improvável”- um mundo em que as verdades, valores e normas se multiplicam até o infinito, tornando impossível qualquer escolha fundada e conduz a uma desorientação existencial cada vez mais acentuada.
Baudrillard, afirma que a deflação do sentido, coloca-se, sobretudo, a partir da mudança do que se estabeleceu no regime clássico da representação, isso é, a trilogia: representante, representado e médium e passou-se a não mais distingui-los como tal. Pela conclusão de ambos, será abordado o tema Informação e Sentido, tomando como inicio o tema “Memória”. Primeiramente, porque o mito da informação vem concentrar-se no conhecimento e na memória daquele que a recebe e na construção do sentido desta informação. Hoje, no entanto, os teóricos deste assunto,
acreditam que o computador é uma máquina de memória que permite a realização do sonho de registrar, conservar e transmitir tudo que foi memorizado e ter um vasto sentido. A construção da memória a partir de uma informação envolve várias contradições.
Jorge Luís Borges, vê como uma tentativa de controlar, simultaneamente, o espaço e o tempo, por exemplo, o fato histórico acontecido no século III AC, quando o imperador chinês Shih Huang Ti que, se cognominou "O Primeiro", ordenou, que se queimassem todos os livros que mencionassem os imperadores que existiram antes dele, e determinou a construção da Muralha da China. Imune a corrupção, com algumas palavras alterou a realidade e reconstituiu o mundo a sua maneira. Proibiu que se falassem a palavra morte e que procurassem o elixir da imortalidade, confinou-se num Palácio cujas portas somassem o número de dias do ano e seu nome Huang-Ti, tomou de um antecessor que os chineses dizem ter inventado a escrita e também a bússola. O ato de ordenar a queima dos livros, é uma maneira de se apagar da memória a vida dos homens da época; sobre uma memória antiga tirou seu nome e construiu uma nova memória e um novo sentido e acabou por determinar uma outra história. Destruiu uma memória e construiu uma nova. Por isso, os iluministas Diderot e D’Alembert, que fizeram a enciclopédia, são ora citados. Afinal, independentemente serem ambos, pessoas com boas intenções, pois o projeto de uma Enciclopédia foi feita a partir de boas intenções, tem a finalidade de destruir uma memória para substituí-la por outra constituída pelos conhecimentos essenciais da ciência, das artes e dos ofícios, fatores que determinam uma sociedade supostamente mais racional e humana.
Em relação à questão da origem do conhecimento, D’Alembert afirma, no "Discurso preliminar", que os conhecimentos humanos podem dividir-se em:
- conhecimentos diretos (ou sensações), que recebemos de forma passiva (são, diz ele, conhecimentos que "recebemos imediatamente, sem nenhuma operação da nossa vontade; que encontrando abertas, por assim dizer, todas as portas da nossa alma, nela entram sem resistência e sem esforço");
- conhecimentos reflexos, que resultam de uma operação (de unificação e de combinação) do espírito sobre os conhecimentos diretos.
A ordenação enciclopédica dos conhecimentos tem como princípio três faculdades humanas fundamentais: Memória, História e Razão.
A Enciclopédia para ser simultaneamente sintética, completa e atualizada, obriga a uma alteração constante e permanente. Há também que se colocar as idéias e pensamentos de pessoas que discutem um determinado tema, e esta possibilidade pode chegar a ser infinita, já que pode haver vários caminhos para se chegar a um determinado ponto.
Já a Enciclopédia Virtual é constituída de uma Hiper Memória. A Internet realiza de forma bem mais perfeita que a Enciclopédia, toda a alteração necessária e permite que se tenha conhecimento, também das diversas visões pessoais sobre o mesmo tema. A modernidade nos deu um arquivo geral. Entretanto, os instrumentos de pesquisa, mesmo que seja sempre aperfeiçoado, tem dificuldades para acompanhar o volume de informação, gerando informações irrelevantes que se tornam um lixo, uma informação irrelevante e o que é realmente necessário para a informação em si, tornam-se um item que deverá ser procurado site por site. Então, conclui-se que a Internet também não é perfeita. Na verdade a informação só tem utilidade para quem está informado, do contrário de nada serve. Para selecionar um site que permita a informação precisa, é obrigatório saber qual deles lhe servirá. Portanto, há necessidade de saber sobre aquilo que se quer saber.
A Internet acaba por dar mais sentido a afirmação de Baudrillard que escreveu falando sobre a televisão: - hoje em dia, por toda a parte, são as memórias artificiais que apagam a memória dos homens, que apagam os homens da sua própria memória.
A memória é necessária para se definir uma informação. A modernidade jamais será tão importante quanto a memória que a cada um de nós pertence. Mesmo com tudo que cada ser humano carrega em sentido aos pré-conceitos, tradições, ensinamentos anteriores etc, a compreensão será a informação que a memória guardará.
João Marcos Russo Ferreira
Comunicação em Multimeios
Mat.: 06004170
segunda-feira, 29 de junho de 2009
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