Naira de Almeida Prado - Comunicação em Multimeios
Leituras do Hipertexto- Viagem ao Dicionário de Kazar. Raquel Wandelli
1. O passado Rejuvenecido.
“Porque o passado está emparedado no tempo presente e o presente é pilhado pelo passado, nnenhuma teoria pode autodenominar-se absolutamente fundadora”. É com essa frase que Raquel Wandelli inicia seu texto que aborda o hipertexto como teoria e a questão paradoxal do seu surgimento. Raquel recorda que o presente se alimenta do passado , que é a sua única matéria-prima. Através de exemplos e estudos, Raquel mostra o quanto o hipertexto está enraizado no passado e se reinventando no presente.
O romance-enciclopédia O dicionário de Kazar foi usado pela autora como texto tutor na análise de obras hipertextuais. O dicionário de Kazar é visto pela autora como um elo entre o passado e o presente literário, criando uma espécie de ruído nas estruturas mais rígidas.
A noção de hipertexto e as teorias que se tem hoje ainda estão em processo de formação e sedimentação. Ainda é uma teoria que se articula em outras numa convergência de experiências e idéias. A autora aborda também o termo “hipertexto” e como foi vinculado ao aparato tecnológico – o computador- afirmando que o hipertexto não se prende apenas a tecnologia, pois é um processo hpertextual de escrita e leitura acima de qualquer coisa. Ao descorrer sobre os textos hipertextuais e a forma hpertextual de ler traz uma questão à tona: O hipertexto e suas teorias surgiram a partir de textos e obras literárias antigas que já possuíam essa característica de leitura, ou, é a partir dessas teorias que podemos interpretar os antigos textos de forma hipertextual?
De fato, as característcias do Hipertexto não surgiram com a invenção do computador, as técnicas de não-linearidade, inserção de recursos gráficos, descentramento e etc. já eram possíveis e encontradas anteriormente, a autora cita como exemplo Cervantes na obra Dom Quixote, Laurence Sterne, James Joyce, o poeta Mallarmé, e poderia citar outros milhares de autores que conseguiram no século passado quebrar a linearidade, a espacialidade, inserir recursos não verbais que fazem parte da narrativa, possibilitar a interatividade e etc. A obra principal citada pela autora é O dicionário de Kazar, que possui características atribuídas ao hipertexto reunidas.
Afirma então a autora: “É possível constatar que o hipertexto é um objeto cultural, está ligado à própria forma de pensar e narrar o mundo.” Simplificando e resumindo a questão paradoxal das origens do hipertexto, caracterizada por Raquel como “Ilusão cronológica”.
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