A cultura da oralidade é repleta de possibilidades de comunicação. Há uma liberdade de criação, interpretação e expressão corpórea que não existem na cultura escrita. Isso porque, na oralidade, a forma de ensinamento é passada de maneira muito mais livre de interpretação. Diferente da escrita que é passada aos povos de forma regrada, cheia de padrões pré-estabelecidos.
Antes do surgimento da escrita, todos os conhecimentos eram transmitidos de forma oral. Eram a memória auditiva e visual os únicos recursos que as culturas tinham para o armazenamento e transmissão do conhecimento às futuras gerações. A inteligência estava fortemente ligada a memória, por isso, caciques, e as pessoas mais velhas de um determinado povo eram consideradas as mais sábias, por terem muito conhecimento acumulado.
Na cultural oral, a palavra era a única fonte de memória de um povo. Era a forma de garantir a história da sociedade. Ela criava uma identidade cultural de um povo. Na cultura indígena, por exemplo, a cultura do grupo estava assegurada pela existência de contadores, de pessoas mais velhas, dotadas de conhecimento histórico sobre seu povo que garantia a memória da comunidade.
A narrativa feita de forma oral trazia mais possibilidades de escolha, de buscar uma compreensão do conhecimento, que ultrapassava padrões estruturais, racionais e estéticos.
Uma das características mais importantes da oralidade, está se perdendo na forma atual de compreensão do hipertexto: o uso do corpo como principal mecanismo para a comunicação. O envolvimento do corpo, da voz, do gesto comunicacional e da expressão, pela qual a narrativa é desenvolvida se perde e se transforma em uma forma maquínica de comunicação.
Características como a presença do outro na comunicação, o tempo presente e a obra não autoral, presentes na cultura oral e na hipertextual, deixam de ser consideradas para dar lugar às questões técnicas.
Uma empresa, ao pensar em criar um software, ela não pensa no receptor como um corpo, ela pensa como um número. O corpo se torna vazio de significado, tradição e conhecimento e se torna uma estatística.
O hipertexto, compreendido como um conceito relacionado ao meio digital, deixa de levar em consideração o outro quanto corpo. Passando a direcionar atenção as pessoas como seres maquínicos, a pesquisas cada vez mais avançadas em novas técnicas e avanços tecnológicos. A identidade principal está deixando de ser o corpo e passando para novas formas, como o meio virtual.
Com isso, o corpo, principio da comunicação e, fundamental na tradição de oralidade, está se tornando ausente. Trazendo á tona problemas de conhecimento e reconhecimento de nossa cultura.
O hipertexto deve deixar de ser tratado como é hoje: apenas objeto relacionado ao computador. O entendimento do passado que levou ao hipertexto como é hoje, a volta ao principio da oralidade, é fundamental para que tenhamos conhecimento de nossa cultural, e reconhecimento de si, e não viremos corpos ausentes, máquinas sem identidade.
Ana Valéria de Loiola Santos – 06006223
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário