Os antigos registros históricos mostram que os primeiros processos de comunicação são o gesto e a fala (mídia primária). Mas a necessidade de uma forma móvel e permanente da comunicação deu origem ao uso de objetos para se trocar informações e o aparecimento de traços (riscos e gravuras). A utilização dos traços gráfica pode ser feita de duas formas: a pictografia, a representação de objetos e acontecimentos, e a escrita na qual os sinais representam elementos lingüísticos.
Os primeiros registros de escritas realmente sistematizadas e eficientes, diferentes dos ambíguos desenhos e gravuras utilizadas anteriormente, traziam um diferencial fundamental: eram lineares. Tal linearidade da escrita foi se estendendo pelas civilizações e ganhando grande importância nestas sociedades principalmente pela sua possibilidade de arquivamento de registros históricos e por sua utilização na efetuação de contratos e acordos. A escrita não é unidimensional como a fala, ela permite uma série de direções onde essa linearidade pode ser expressa.
Geralmente a linha divisória entre a pré-história e a história é atribuída ao tempo em que surgiram os registros escritos. A importância da escrita para a história e para a conservação de registros vem do fato de que estes permitem o armazenamento e a propagação de informações não só entre indivíduos, mas também por gerações. Isso mostra a grande correlação entre a linguagem escrita, fundamentações históricas e processo de midiatização.
Aquilo que era tido como um fluxo contínuo e presente (oralidade), dependente de um ser humano para o enunciar (tecnologia do corpo, polifonia), passa a ser visto como algo artificial, concreto, composto de unidades. O discurso, sendo transcrito em sinais gráficos coerentes, gera um distanciamento daquele que o argumentou.
A escrita criou a primeira rede de informações externa à memória humana (rede analógica, origem da linguagem hipertextual). O homem transferiu o tráfego de idéias da mente para um suporte concreto, ou o pensamento humano separou-se do homem e transformou-se em objeto. O advento das novas tecnologias e as interações entre diferentes suportes e linguagens (verbal ou não verbal) trás a possibilidade do aparecimento de formas coletivas de construção de textos, como por exemplo, a linguagem hipertextual.
Com o surgimento da imprensa se abriu ainda mais possibilidades neste sentido, sem contar a expansão em massa de toda literatura. Porém além de toda eficácia da comunicação escrita, ainda esta possui um caráter de "excluimento" pelos analfabetos, pessoas que não conseguem decodificar o código impresso por está mídia. Devido a isso que a linguagem escrita caracteriza-se por um processo dinâmico, com emissor e destinatário. Ambos os interlocutores possuem um repertório; ou melhor, pode ser entendido como manifestação lingüística das idéias de um autor, que serão interpretadas pelo leitor de acordo com seus conhecimentos lingüísticos e culturais.
Os signos dispostos sobre a condição de escrita devem sempre interagir entre si numa organização coerente; a coesão se manifesta através dos mecanismos gramaticais e de concordância. Gramaticalmente, são importantes: os pronomes, os artigos, a concordância verbal e nominal, os conectivos, a correspondência entre os tempos verbais.
No processo discursivo ocorre um ponto de congruência entre a linguagem oral e a escrita, pois o emissor ao escrever pratica um ato de fala mental, assim, a escrita permite ao ser humano descolar-se do tempo presente e entrar num mundo imaginário, que, por sua vez, expande suas experiência e idéias na medida em que torna possível, ao escritor criar ou recriar o que não vê e pensa.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
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