Leituras do Hipertexto
Viagem ao Dicionário Kazar - Raquel Wandelli
O hipertexto tem como significado ser um objeto cultural inserido no universo da prática artística e intelectual.
O conceito de hipertexto, que ainda está em processo de construção e concretização, têm suas primeiras aparições no passado, como por exemplo: Dom Quixote (XVI) escrito por Cervantes, já apresentava alguns recursos do hipertexto (“linguagem nova”), por meio da divisão de capítulos,dos prólogos, das linhas de apoio,do sumário...,que refletiu como provedor da desintegração de toda estética clássica juntamente com a “bela aparência da obra”, ou seja, os valores de unicidade, autenticidade e o poder de testemunho histórico, estavam sendo condenados.Por essa razão os textos não foram sendo vistos como algo concluído, mas sim como algo a ser interpretado, as palavras não eram só palavras e sim um conjunto de palavras, que firmariam opiniões e pontos de vistas.
Resumindo a nossa forma de enxergar e pensar na literatura e nos autores, sofreram mudanças como: A intertextualidade, a fragmentação do autor em diversas vozes e funções, a idéia do texto ter varias interpretações e pontos de vistas ( teorias da recepção), tendo como conseqüência uma nova formação ideológica do leitor, visto que ele deixava de ser mais um mero consumidor e passava a ser um formador de opinião.
O texto também passava por uma nova fase,por uma nova concepção, pois Deleuze e Guattari propuseram uma nova ideologia comparando a “nova escrita” com um Rizoma (um crescimento orgânico caótico, interceptado e ramificado pelo meio, onde todos seus extremos funcionam como porta de entrada e mantêm entre si uma comunicação),tendo seus princípios como: a Multiplicidade, onde o todo é uma pluralidade,a Heterogeneidade, ou seja, a diversidade de linguagens verbais e não-verbais, a Ruptura assignificante, segundo esse principio o texto pode se desfragmentar em qualquer ponto e se fragmentar em outro ponto qualquer, a Interconectividade, a Cartografia, a idéia de que o texto tem linhas que podem se movimentar e não necessariamente serem fixas, e a Decalcomania, principio que afirma que a obra não é uma imagem ,ou que a mesma copia o mundo.
Tendo suas bases bem complexas e conflitantes, surge o hipertexto (em meio a um contexto histórico e literário),como disse Kazar: “Cria todo o universo a partir de si mesmo, depois o engole e mastiga tudo que é velho, cuspindo um mundo rejuvenescido”.
Theodor Nelson, considerado o inventor do termo hipertexto, o caracterizou como uma forma de escrita associativa e não-seqüencial.Hipertexto, segundo uma visão pode significar um texto que vai além dele mesmo, ou seja é muito mais do que apenas um monte de palavras, linhas escritas, e segundo Lêvy: É um conjunto ligados por conexões, onde os nós podem ser palavras,imagens,seqüências sonoras,gráficos,entre outros...Os itens de informação não são ligados diretamente, e muitas vezes são ligados de maneiras complexas não muito claras, e navegar por um hipertexto pode ser tão complexos como suas ligações, ou seja, a definição de hipertexto é um assunto com varias vertentes e pontos de vista.
Hipertexto ou hiperficção é uma maneira diferente de escrever, pois não tem um formato linear, muitas vezes impõe uma hierarquia ao pensamento, desorganizando a nossa consciência, como mostra a teoria do caos e da oralidade.
Algumas de suas característica são: O principio de escolha de percurso, o emprego de linguagens e recursos múltiplos (prosa,fotografias,poesia...), a propensão de ver sua palavra mais como um ícone do que uma unidade semântica, quebra de linearidade, possibilidade de produzir movimento e variabilidade com a linguagem escrita, ou seja, a multilinearidade ou a multiplicidade de percursos.
O diálogo entre o velho –novo e o novo-velho, surgiu de um passado onde houveram mudanças apoiadas nos processos culturais, visto que, as mesmas não surgiram do nada, tendo razoes para que se concretizassem, lembrando o pensamento do Kazar que propõe um entendimento de trás para a frente, que começa no meio, ou seja, é preciso ver o passado para compreender o presente e planejar o futuro.
Mariana Romano
06004188
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