sábado, 27 de junho de 2009

Naira de Almeida Prado - Comunicação em Multimeios

Naira de Almeida Prado - Comunicação em Multimeios
Leituras do Hipertexto- Viagem ao Dicionário de Kazar. Raquel Wandelli
1. Da Obra Canônica ao hipertexto

Esse capítulo de Raquel Wandelli aborda a questão da interatividade e da co-autoria do leitor na obra.


A autora recorre a diversos autores para discutir a questão da reprodução de obras, sendo um deles Walter Benjamin e seu ensaio “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”. No ensaio, Benjamin diz que as técnicas de reprodução que surgiram no último século quebraram os padrões da estética clássica da obra. Afirma que a arte não morre com o aparato técnico de reprodução, mas os quesitos artísticos e criativos estariam sempre abalados.


A autora Julia Kristeva expõe a influência necessária de uma obra sobre a outra e que é impossível que um texto inicial seja original. A partir de Kristeva e Roland Barthes, o texto passa a ser visto como uma obra a ser completada, reescrevível, e que segundo Barthes, as palavras proporcionariam “múltiplas entradas e múltiplas saídas.”


A obra então tem a função do autor renovada, e o “eu literário” emancipa-se para o “eu empírico” de quem narra ou escreve. O autor dá seu significado ao texto, mas não possui autoria total e sim uma co-autoria com o receptor que possui a incumbência de “completar a obra”. O leitor também é responsável por ser produtor de significações.


No conceito de Genette, o termo transtextualidade é usado para falar das relações externas que uma obra mantém com outras e mostrar que um texto inspirado e usado como referência sempre mostrará seus resquícios no “novo texto”.


A nova forma de pensar da autoria literária chega a um ponto novo e é vista de forma diferente, segundo a autora, sofre uma “desdogmatização”.


Ao longo do capítulo, Raquel aborda as questões principais do capítulo anterior, “O passado Rejuvenecido”, e mostra ao leitor dados e registros de características do hipertexto em textos antigos, prévios ao uso do computador e que se restringe a um processo de escrita reticulada. É necessário entender que a narrativa mudou no livro impresso assim como as mudanças na escrita com a informática. Raquel diz: “ A invenção da escrita eletrônica não se dissocia da reinvenção da narrativa e do livro como aparato tecnológico ele mesmo, que pode, cada vez mais, ser desassociado da sugestão da seqüencialidade.”


Raquel então, guiada por Theodor Nelson- tido com inventor do termo hipertxto- define hipertexto: “Seria um texto que vai além do texto, que é mais do que uma palavra atrás da outra, do começo ao fim, sem variação permitida. Essa escrita não linear é a base do sistema Xanadu, docuverse com a ambição de uma “Biblioteca de Babel”, que permitiria o acesso a um arquivo ilimitado de textos.”

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