O homem, com todas as suas dúvidas e transcendências, constrói suas culturas, estas, que comandam e dão força a sua vida, igual ou senão maior do que seu próprio ambiente físico e natural. Este amplo campo da cultura recebe contribuições e descobertas de cada indivíduo, de cada grupo social, de cada época e passando de geração a geração, assim é que a cultura se organiza como um sistema comunicativo.
Em vista de que nós, hoje, vivemos em um mundo globalizado, onde a tecnologia vem alterando nossa visão de mundo e de nossos modos de vida, acabamos por aceitar essa tecnologia como próprias condições de nosso desenvolvimento, tanto mental, como material. O homem acaba ficando submisso, cego e dependente desse processo. A cultura humana, então, acaba sendo conseqüência desse desenvolvimento tecnológico, sendo que hoje, falar de tecnologia é falar de mudanças culturais. E Nada é inteiramente novo, todas as nossas produções são resultado do que já veio antes. É como na obra de qualquer autor, como diz Julia Kristeva, uma obra é recriada sobre a outra.
A cultura, é o esforço do homem para manter o controle da vida, mas, perdemos o controle no processo de cultura. É só analisar a internet, por exemplo, uma rede onde milhões de informações são trocadas a cada minuto sem que haja nenhum controle. Talvez esteja ocorrendo uma mudança no conceito de cultura.
Quanto mais se aperfeiçoam os recursos, as técnicas e as possibilidades que o homem tem de se comunicar com o mundo, mais ele consegue se “incomunicar”. No excesso de informação, no excesso de tecnologia, no excesso de tempo e no tempo dos excessos. É como quando Walter Beijamim fala sobre as obras de arte em seu ensaio “A obra de arte e sua reprodutibilidade técnica” onde ele nos atenta que as novas técnicas de reprodução estão quebrando os padrões da estética clássica da obra. Não que a arte morra com esses aparatos de reprodução, mais estariam abalando os processos artísticos e criativos.
Uma criança nascida no século XXI, por exemplo, tem um conceito de fotografia totalmente diferente. É como se banalizasse, pois ela tira e apaga quantas vezes quiser, sem lhe custar nada. De repente essa criança não para prestar atenção na foto em que está tirando, no enquadramento, na luz, ou no conteúdo. Se ficar ruim, ela simplesmente apaga e tira outra.
Foi Vilém Flusser quem descreveu o processo de perda crescente das três dimensões do espaço de comunicação do homem, que começou a se comunicar por imagens, composta por duas dimensões, depois para a escrita, com apenas uma, e por fim a comunicação digital, com nenhuma dimensão. Agora, a partir desse universo sem dimensões, o homem começa a construir virtualmente outras.
A cultura oral nos possibilita escolhas, nos da liberdade de criação e de expressão e é uma das responsáveis pela construção da identidade cultural dos nossos tempos. Já a cultura escrita, nos faz pensar de uma forma mais limitada. É como um ciclo vicioso, cheio de padrões. Nos impedindo de ir além do já existente.
Em primeiro lugar está o homem, depois, tudo aquilo que é produção dele (cultura, máquina, universo simbólico), que é uma segunda realidade, onde toda a articulação do homem está no mundo simbólico. O homem, é o único capaz de projetar, antecipar o futuro e esse futuro construído, é um universo simbólico, que está inserido dentro da cultura. O passado é um olhar, e o futuro uma construção.
A tecnologia é um projeto que da segurança aos indivíduos, ela foi feita para se acreditar que o mundo futuro será melhor, ou seja, concebemos a favor das máquinas como se elas fossem resolver todos os nossos problemas, e por isso, acabamos por ser dependente delas, o tempo, é o principal item regulador desse processo, vivemos no tempo das máquinas. Estamos cortando nossos vínculos com os outros indivíduos e conosco mesmos.
terça-feira, 30 de junho de 2009
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