Sobre “O passado rejuvenescido”
Há uma grande semelhança entre a transição “passado-presente” ao qual a autora Raquel Wandelli se refere em seu texto, e a transição do Período Industrial Mecânico para o Período Industrial Eletro-Eletrônico, que vai de 1945 até hoje. A era eletrônica está se estruturando em um ambiente já carregado de traços culturais fundidos ao longo do tempo. Assim, tudo de novo que criamos e produzimos está infestado de tais traços. Nada é de fato novo, são tudo versões atualizadas e cruzadas entre conhecimento, cultura, passado e contemporaneidade. O que chamamos de novas culturas, as que foram criadas a pouco tempo, é isso: Uma intersecção de tudo o que foi deixado pelos que já passaram por aqui.
O que esta sendo criado no Período eletro-eletrônico foi criado já no Período Industrial Mecânico e já também no Período Pré-Industrial, mas a influência do eletrônico muda tudo, aparentemente. A maioria das pessoas conecta o hipertexto ao computador. E com certeza, há milhares de obras produzidas agora que devem ser consideradas inovadoras e frescas, mas são na verdade cópias modernizadas de obras criadas a um século atrás. O eletrônico traz, além de tudo, a divulgação, a epidemia de informação. Minha geração, pelos menos, não conheceria tantas obras interessantes se não fosse a internet. Generalizando, passamos facilmente mais tempo na frente do computador do que na frente de um livro ou dentro de um museu. O hipertexto que nós conhecemos é o hipertexto da internet. Tanto é que no Dicionário Aurélio Eletrônico- Século XXI, o 2o significado da palavra “interatividade” é estritamente direcionado à tecnologia: “Capacidade (de um equipamento, sistema de comunicação ou de computação, etc.) de interagir ou permitir interação.”.
Sendo assim, hoje em dia há mais uma co-autoria do que autoria. Nada é 100% inovador; o descobrimento já acabou, o que acontece é uma aprimoração do que descobrimos, de acordo com as novas “necessidades” que vem surgindo. É o que acontece com as obras. Reciclam-se as obras, por meios de citação, tradução e comentário. Ao citar uma outra obra, o autor (ou melhor, co-autor) está incluindo-a em sua própria obra, mas adaptando-a a novos significados, de acordo com o contexto de sua própria obra. Ele está usando-a como referência. A tradução é o modo como o co-autor vai simbolizar o valor da obra original em sua própria, inserindo, neste valor, conhecimento e significado próprio. A obra original adaptada à obra “atual”. Por último, o comentário é o que há de “novo”, inserido na citação e na tradução, pelo co-autor. É a introdução de informação ao original, para assim se concretizar uma nova obra. Com a chegada de computadores e equipamentos adicionais, tudo o que foi criado através destes tinha um caráter fortemente inaugural, mesmo não sendo. Mais o fato da banalização da informação, que é uma característica sempre agregada à web, faz com que tais obras criadas pelos agora chamados de co-autores, sejam eternamente expostas neste infinito e quase que gratuito museu ambulante, que se chama internet.
Liana Mastrocola 06004178
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