quinta-feira, 25 de junho de 2009

Hipertexto

Marlise Y. Rodrigues, 06004190

Hipertexto pode ser “traduzido” como “um texto que vai além”. O prefixo hiper (do grego, além) significa a superação dos limites, ou seja, o fim da linearidade. Se utilizando, de todas e quaisquer maneiras de representar o pensamento, seja com imagens, sons e etc.

Dizer a origem do hipertexto é uma ilusão cronológica. Raquel Wandelli defende que o hipertexto começou muito antes das máquinas, ela se apóia na teoria de que tudo que é criado tem origem no passado.

“Porque o passado está emparedado no tempo presente e o presente pilhado pelo passado, nenhuma teoria pode autodenominar-se absolutamente fundadora.” (WANDELLI, 2003)

O conceito de hipertexto fica mais forte quando elaboramos a idéia de que o leitor não é mais um mero consumidor, e sim um produtor de significações. O que o autor tem a dizer não interessa tanto, o que se produz com o que ele diz é mais relevante. O hipertexto se torna uma metáfora de um texto plural, sem começo nem fim, se multiplicando através dos leitores, dessa maneira se torna uma obra-rizoma. Esse tipo de obra é o oposto da obra linear, uma obra-árvore, onde encontramos uma única raiz central, seguindo por ramificações subordinadas e ordenadas. A obra-rizoma é uma forma de comunicação em rede, cresce de uma maneira caótica e sem ordem e o ponto central é praticamente inexistente.

Encontramos características comuns ao hipertexto e a obra literária a todo o momento e em diversos livros e periódicos, porém, Wandelli não cita o livro “Dicionário Kazar” à toa. A obra do escritor iugoslavo Milorad Pavic é feita de uma forma completamente aberta, criando um exercício de desconstrução/construção de sua obra, questionando a todos os momentos o processo de leitura.

O livro é considerado uma obra literária absoluta, um livro de poemas ou contos e também um estudo histórico; tudo isso, pois o leitor pode usar a obra da maneira que lhe for mais conveniente. Pode ser lido da direita para esquerda, da esquerda para direita, em diagonal, começar a leitura em páginas abertas ao acaso e etc. É uma obra-rizoma completa, que tem a maioria das características comuns ao hipertexto.

Uma das características comuns é o “descentramento”, através da divisão de capítulos, subtítulos e etc, o escritor mapeia topologicamente a leitura. Deixando para que o leitor escolha por qual caminho quer seguir; o mesmo acontece com o menu de um web-site, através de palavras chaves o internauta é livre para decidir por onde quer navegar primeiro.

Podemos analisar uma obra-rizoma através de alguns princípios, são eles:

A multiplicidade – é a pluralidade da obra, as partes sobram em relação ao todo; a heterogeneidade – a diversidade de linguagens verbais e não-verbais; a ruptura assignificante – é a autonomia das partes perante ao todo, o texto pode ser quebrado em qualquer ponto e continuar a ter sentido e se reconstruir; a interconectividade – qualquer ponto da obra pode ser conectado a outro, de forma que o seu sentido não seja imposto ou hierarquizado por um centro regulador; a cartografia – trás a idéia de que o texto é um conjunto de linhas a ser percorrido e movimentado; e a decalcomania – trás o sentido de que a obra não imita nem copia o mundo, e sim que a obra cria um mapa que remete a ele.

“Que isso fique claro: a sucessão da oralidade, da escrita e da informática como modos fundamentais de gestão social do conhecimento não se dá por simples substituição, mas antes por complexificação e deslocamento de centros de gravidade.” (LÉVY, 1993)

A teoria do hipertexto nasce de um contexto teórico e literário muito complexo. O hipertexto é a emergência do novo no antigo. Não apaga os conceitos passados, mas sim transformando e reassimilando conceitos literários.

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