Comunicação é uma ação comum, que só pode ser realizada quando há pelo menos dois participantes. Ela está na esfera do desejo, não há compreensão sem que haja o desejo de que isso ocorra. E para que exista comunicação tem que haver conflito. A comunicação se desenvolve na resolução de conflitos. Quando não há conflito só existe informação, doutrina.
O mediador desses conflitos é a linguagem. Linguagem também só é possível na mediação de conflitos. Ela faz a negociação entre as partes envolvidas. Fácil de compreender linguagem como mediação, já que ficamos sem conseguir entender alguém que, mesmo que fale o mesmo idioma, tem uma linguagem diferente da nossa.
A criatividade entra também nesse jogo do conflito. Ela está na capacidade de resolver coisas simples, na capacidade de usar a linguagem para realmente resolver os conflitos. E é na resolução dos conflitos que de avança, na negociação, em perder e ganhar, ceder e etc. Só não se deve confundir resolução de conflito com eliminação das diferenças. A diferença está para o consumo, dividir em camadas para consumo de produtos voltados para cada grupo.
No hipertexto, o desejo inicial é para que haja comunicação. Na criação de sites, a escolha da linguagem usada deve ser direcionada para o maior número de usuários possível, ou então voltada para um público alvo específico. Porém, publico alvo volta à questão da diferença. É só uma separação para consumo, não é realmente diferente. Aquele que é realmente diferente não é aceito.
A comunicação na hipermídia é algo complexo. Com tantas vozes, é difícil ouvir uma. A liberdade que se tem de falar não quer dizer que alguém vai ouvir. Não há o desejo de ouvir o outro. Parece que há mais divulgação de informação do que comunicação de fato. E também não há uma pré-disposição (nem espaço) para a conversa, o diálogo, o conflito. Como em outras aéreas da comunicação, também no hipertexto o conflito é evitado.
De certa forma, a linguagem usada no hipertexto é a mesma, ou uma adaptação, de linguagem já existente em outras áreas da comunicação. Não houve a criação de uma linguagem própria para ele. Por isso, os problemas já existentes foram transferidos para o digital. O que ocorre é a transmissão de informação, muitas vezes várias fontes, divulgando a mesma coisa. Não há diferença, não há opiniões diferentes, apesar de haver mais vozes. Em suma, não há conflito, portanto não há comunicação.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
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